DOIS NOMES, DUAS VIDAS, DUAS FORMAS CRIATIVAS, UMA ARTE: O DESIGN.
Cícero Alves dos Santos, mais conhecido como “Véio”, escultor sergipano. Sempre se interessou pelo folclore nordestino e pela vida dos sertanejos. Utilizando-se de madeiras encontradas nas Matas de Sergipe, ramos e troncos, o artista dá vida às peças contando histórias de seu próprio povo, intensificando a importância da arte popular com cores fortes e curvas totalmente naturais, assemelhando-se à silhouetas primitivas de homens e animais. Se apresentou na Itália na ocasião da Bienal de Arte de 2015 junto com o mobiliário de Oscar Niemeyer da preciosa coleção histórica da ETEL.
Oscar Niemeyer, engenheiro arquiteto, carioca. Em 1971 criou a sua primeira peça de design, a poltrona Oscar Niemeyer. O arquiteto é conhecido mundialmente por suas curvas cheias de brasilidade, que transmitem leveza e, ao mesmo tempo, desafiam a estruturalidade da arquitetura e engenharia. Pode-se dizer que é o grande mestre do modernismo brasileiro.
Inaugurando uma série de eventos dedicados à promoção e à difusão da cultura brasileira, a exposição “Tra Arte e design – Un dialogo tra le opere di Véio e Oscar Niemeyer” (“Entre a Arte e Design – Um diálogo entre as obras de Véio e Oscar Niemeyer) aconteceu no dia 06 de fevereiro de 2018, na nova sede da ETEL em Milão. A loja, recém-inaugurada (dezembro de 2017) na capital do design da Itália, objetiva disseminar o design brasileiro pelo mundo e sabe que a presença no país é um passo importante para isso. “Com Véio e Niemeyer, queríamos mostrar o trabalho de dois gênios criativos que possuem uma abordagem muito diferente entre si, unidos por um vínculo especial com a Itália. Meu desejo é que a ETEL Milano seja um lugar real para reunião e discussão, onde você pode descobrir manifestações da cultura brasileira únicas e singulares em sua tipologia”, afirma a curadora da mostra e CEO da ETEL, Lissa Carmona.
Eu, a convite da ETEL, estive presente no evento e a visita valeu muito à pena. É sim o início para a valorização internacional do design brasileiro. Véio não teve o mesmo acesso à educação que Niemeyer. Véio produz arte em formato de pura escultura, contando a história popular por meio de figuras orgânicas e um tanto enigmáticas. Niemeyer, dotado de um conhecimento elevado e enriquecido ao longo da sua vida, produz seu mobiliário também de forma escultórica, porém com tratamento formal, linearidade pura e elegante. O que eu concluí ao ver ambas as obras, lado a lado na requintada loja da ETEL em Milão, é que independente da carga educacional envolvida no passado dos artistas, ambos utilizam das curvas simples, puras, totalmente cheias de representatividade brasileira, valorizando ainda mais a cultura do nosso país e dando um passo à frente no mercado internacional do design.
Entre os convidados da noite, estavam Vilma Eid, da Galeria Estação, em SP, que apresentou Véio para ETEL; Stefano Rabolli Pansera, arquiteto e curador, quem levou Véio para a Itália, e Júlio Laranjeiras, cônsul do Brasil na Itália. Foi neste evento que conheci a querida Lissa Carmona e, através deste contato, ela me possibilitou uma visita guiada totalmente inédita apenas para os arquitetos e designers que forem comigo na próxima excursão ao Salone Del Mobile 2021. E aí? Você não vai perder, vai?
Deixe seu comentário